quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Boa gestão e responsabilidade têm espaço em qualquer área

O livro ‘A bola não entra por acaso’, de Ferran Soriano, é um trabalho bem organizado e muito claro sobre gestão. Por mais que o assunto predominantemente abordado seja o futebol, o autor deixa a base nítida de que uma administração exitosa não tem campo restrito e pode ser abrangida para diferentes áreas da nossa sociedade. Infelizmente, muitos dirigentes do futebol brasileiro ainda se baseiam em outras premissas, deixando o esporte arcaico, pouco profissional e muitas vezes na lama por situações embaraçosas. Não se sabe ao certo qual o principal fator disso, mas o retrocesso de muitos envolvidos é visível.

Por meio de sua experiência em empresas de grande porte na Espanha e pela gestão vencedora do Barcelona (dentro e fora de campo), Ferran traz detalhes sobre modelos econômicos importantes, contratação de jogadores e estratégias em recursos humanos. O Barça deixou de acreditar que o futebol se resume às quatro linhas e aplicou um caminho administrativo completamente diferente. Ele explica a captação feita pelo clube para formar um grupo de gestores de primeira linha, que pudesse dar todo o respaldo ao gigante catalão também nos escritórios.

A ideia do Barça foi trazer os melhores gestores do país, em suas determinadas áreas, para conduzir o clube ao sucesso absoluto, com valores voltados para o caráter, orgulho catalão, missão barcelonista e muito trabalho duro. Ferran, Joan Laporta, Esteve Calzada, Josep Cubells e tantos outros que fizeram parte do processo eram os responsáveis por setores bem definidos, todos eles vindos de grandes trabalhos anteriores nas mais diferentes áreas do mercado espanhol. Quem é bom nos modelos de gestão, tem dignidade, amor ao trabalho e noção do espírito barcelonista poderia se dar bem no comando do clube. Essa era a principal noção na escolha dos melhores para conduzir o Barça. E deu certo. O quadro de sócios foi recontado, o marketing cresceu, os homens do recursos humanos aplicaram contratos por produção e o ciclo foi se tornando virtuoso. Com isso, cada um cuidava da sua área e deixava o futebol, a parte técnica, somente para os responsáveis por esse setor, como o ex-jogador Txiki Begiristain. As contratações eram feitas com critério, os acordos tinham como base a produtividade e os técnicos eram escolhidos pela capacidade de manter o padrão e a cultura de jogo do Barça. Os dois títulos da Liga dos Campeões, os Campeonatos Espanhois, as Supercopas, a campanha com a Unicef, os jogadores referências em educação e cordialidade e o estilo ‘futbol art’ evitam maiores explicações sobre o sucesso da jornada.

Alguém pode falar que isso é uma realidade distante, que no Brasil nunca vai pegar e outros argumentos sem fundamento algum, que aparecem simplesmente pelo comodismo de alguns. Muitos dos nossos pesquisadores são desejados por universidades tradicionais de países de primeiro mundo, nossos médicos são referências e nossos gestores conseguem até comprar o Burguer King. Então não apareçam com o argumento de que nossa economia é diferente, que no Brasil não dá. Isso não vale. O que acontece é que o futebol, principalmente no âmbito dos clubes, se vê cercado por pessoas ainda sem capacidade intelectual e cultural para gerir nada. São ‘cartolas’ que acreditam em sorte, azar, malas brancas e pretas, em valores da década de 70 e que se baseiam na máxima de que ‘o futebol é diferente do restante’.

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Dados sobre o livro:

Editora: Larousse

Autor: FERRAN SORIANO

Ano: 2010

Edição: 1

Número de páginas: 208

Acabamento: Brochura

Formato: Médio

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