Um pouquinho do chato mundo da cartolagem brasileira na luta pelo poder
De um lado, Atlético, Botafogo, Cruzeiro, Flamengo e São Paulo. Estes, em assembléia realizada na cidade de São Paulo, propuseram um estatuto novo e revolucionário para o Clube dos 13. Do outro, o atual presidente Fábio Koff e os outros 15 clubes da entidade, que votaram na proposta de continuidade da atual diretoria.
A proposta inovadora dos clubes de oposição, liderados pelo são-paulino Marcelo Portugal Gouvêa, previa a criação de um conselho formado por 8 clubes que tomariam a frente da entidade, negociando contratos de transmissão de jogos, por exemplo. Tal conselho acabaria por enfraquecer o regime presidencialista atualmente em vigência, como comenta o ex-presidente do São Paulo e atual diretor de planejamento do clube: "Queríamos uma coisa democrática. Hoje o regime é presidencialista, o presidente decide tudo e quando as decisões chegam à assembléia já estão 'prontas'. Com esse conselho, todos participariam mais dessa preparação".
Já Fernando Carvalho, ex-presidente do Internacional e aliado de Fábio Koff, rebateu as declarações do dirigente sã-paulino: "Essa é uma tentativa clara de alguns clubes quererem tomar o poder na força, sem ter votos". De fato, é uma luta por poder. Ora, estamos falando de cartolas.
Os 5 clubes de oposição abandonaram a reunião antes de começar a votação e a proposta de manutenção do atual sistema de gerência da entidade venceu por unanimidade. Segundo Marcelo Portugal Gouvêa, Atlético, Botafogo, Cruzeiro, Flamengo e São Paulo continuarão unidos nas futuras assembléias. Já Fábio Koff deu declarações minimizando que a entidade esteja rachada: "Tenho muito tempo na presidência do Clube dos 13 e tenho convivido com essa situação, não é a primeira vez que acontece. O tempo é o maior remédio para as coisas e o diálogo supera tudo. Amanhã ou depois vamos sentar, conversar e superar isso", disse o dirigente.
Ponto de convergência
O fato curioso da assembléia é que tanto a proposta do novo estatuto quanto a proposta de manutenção apresentou uma cláusula que determina o afastamento do atual vice-presidente do Clube dos 13, Mustafá Contursi. O artigo 31 da proposta da oposição e o item d do artigo 26 do texto da atual diretoria proíbem que um detentor de mandato ou cargo diretivo em entidade de administração ou em sindicatos e associações de classe faça parte da diretoria da entidade. Mustafá Contusi é presidente do Sindicato do Futebol, e, independente de qual proposta fosse a vitoriosa, teria a sua continuidade no Clube dos 13 interrompida.
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