quinta-feira, 26 de junho de 2008

Um time sensacional - momentos mágicos da Copa do Mundo de 1958


Comemorar cinqüenta anos do primeiro título mundial da Seleção Brasileira de Futebol não é algo tão simples assim. É preciso ressaltar profundamente a mudança profunda acarretada pela inovação dessa geração que se tornou famosa pela primeira vez. Significou o nascimento do futebol moderno, arrasador, empolgante, de belas jogadas e gols.

Ganhar na Suécia não foi especial somente pelo fato de um país sul-americano conquistar uma Copa do Mundo jogando na Europa. Isso foi importante, porém vale lembrar que os uruguaios conquistaram duas medalhas de ouro em Olimpíadas disputadas no Velho Continente, em 1924 e 1928.

Além disso, foi a primeira Copa do Mundo realmente representativa e disputada. Não havia um favorito claro como ocorreu nas cinco anteriores. O excelente time húngaro de 1954, por exemplo, se dissolveu e jamais teve a mesma força. A Itália caiu nas eliminatórias européias e a Alemanha enfrentava uma reformulação em sua seleção. A Argentina possuía um time fraco no momento e os uruguaios não se classificaram para a Copa.

É óbvio que o Brasil não era um dos favoritos. As campanhas de 1938 e 1950 realmente chamaram a atenção, mas a própria perda do título mundial em casa e a derrota para a Hungria por 4 a 2 em 1954 – em um jogo marcado pelas brigas e expulsões – tiraram o brilho de uma seleção que se formava naquele momento, sob o comando e a liderança do técnico Vicente Feola.

Também se destaca que nenhuma outra seleção fora em uma Copa do Mundo com duas armas secretas tão eficientes: o adolescente Pelé e um jovem promissor Garrincha. Ambos se destacavam em dois brilhantes clubes do futebol brasileiro na época – Santos e Botafogo. Somaram a jogadores experientes que equilibravam o time de Feola, como o grande goleiro Gilmar, o seguro zagueiro Bellini, os excelentes laterais Djalma e Nilton Santos, o meia promissor Zagallo, o artilheiro Vavá e o craque do time: Didi, o “rei da Folha Seca”, que era um tipo de chute forte e fatal inventado por ele.

Na teoria esse time teria força suficiente para bater qualquer adversário. Porém, houve momentos complicados na competição em que o primeiro título mundial parecia distante. O empate sem gols contra a Inglaterra, na primeira fase, por exemplo, foi visto como mau resultado, já que era a primeira vez que a seleção deixava de marcar em uma Copa do Mundo. Além disso, nos primeiros minutos do jogo final contra a Suécia, dona da casa, quando Liedholm abriu o placar, logo aos 3 minuots, o Brasil parecia um time nervoso, desconcentrado e limitado. Felizmente era questão de tempo para o futebol brasileiro mostrar seu verdadeiro poder.

A Copa do Mundo de 1958 teve vários momentos de destaque, mas que ficaram à sombra do brilhante futebol do time de Feola. O francês Just Fontaine tornou-se o maior artilheiro em apenas um Mundial, totalizando 13 gols marcados nos campos suecos. Por sua vez, os donos da casa vieram para a competição dispostos a não fazerem papel feio. Vários de seus jogadores, como Liedholm, Skoglund e Gren, atuavam na Itália e eram bem cotados na Série A. Ainda pode-se citar a vergonhosa campanha da Argentina, não se classificando sequer para a segunda fase e deixando a competição com uma humilhante goleada para a Tchecoslováquia por 6 a 1.

Foi na Suécia que a Seleção Brasileira atuou pela primeira vez com o uniforme azul. O uniforme amarelo do Brasil foi deixado de lado na final contra os donos da casa, porque o time rival atuava com as mesmas cores. Daí surgiu a camisa número dois do time canarinho, inspirada no manto de Nossa Senhora Aparecida, segundo o chefe da delegação, Paulo Machado de Carvalho.

E deu sorte, pois o Brasil não se intimidou com a pressão da torcida sueca e venceu a final por 5 a 2. Foi uma partida memorável, inesquecível para qualquer brasileiro. O gol de Pelé, aos 90 minutos, além de confirmar o título, fez renascer um time marcado negativamente pela derrota em 1950 e estabelecer ao jogador a condição de ídolo da nação brasileira.

As lágrimas do atacante de apenas 17 anos no Estádio Rasunda, em Estocolmo, no final da partida, ilustraram o valor dado pela equipe brasileira ao título mundial. Um time brilhante, com jogadores de destaque no banco de reservas – Oreco, Orlando, Dida e Altafini – e um técnico disciplinador, como Vicente Feola fizeram da seleção de 1958 uma das mais fortes na história das Copas do Mundo.

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